sexta-feira, 17 de junho de 2011

Capitães de Alvalade...

Na semana em que o capitão do Benfica não viu renovado o seu contrato de trabalho, com o seu clube de quase sempre (o que é perfeitamente legítimo) e já depois de vos ter falado sobre os capitães do FC Porto, trago a este blog a história dos Capitães de Alvalade, nos últimos 30 anos.
E essa história começa com o “Velho Manel”. Capitão do Sporting durante 8 anos ininterruptos, Manuel Fernandes foi talvez o último grande capitão do clube de Alvalade. Uma figura incontornável do universo sportinguista e que nunca escondeu a sua paixão pelo clube. Chegou a Alvalade, com 24 anos, para substituir o argentino Yazalde e fê-lo de forma muito competente como provam os mais de 250 golos obtidos de leão ao peito. Ficará para sempre ligado à mítica vitória por 7-1 sobre o grande rival Benfica, jogo onde marcou 4 golos. Viria a sair para o Vitória de Setúbal na época de 1987/1988, já com 36 anos, depois de, tal como Nuno Gomes, o treinador da altura não contar com ele.
Seguiu-se um período de 5 épocas em que o capitão foi o defesa-central Pedro Venâncio, embora em pelo menos 3 delas não tenha sido ele a usar a braçadeira na maior parte dos jogos. Venâncio era um central de marcação forte que chegou a ser internacional várias vezes mas que teve inúmeros problemas físicos ao nível dos joelhos, aos quais foi operado 6(!!!) vezes. Essa, a juntar a opções de alguns treinadores, foi uma das razões para durante esse tempo o Sporting ter tido outros capitães. Damas, Virgílio, Morato (este durante praticamente toda a temporada de 1988/1989), Carlos Xavier e Carlos Manuel foram outros eleitos para desempenhar a função. Venâncio acabou por sair para o Boavista (mais um jogador que deixou de ser opção para o treinador e optou por continuar a carreira noutro clube em vez de dá-la por terminada).
O capitão seguinte foi Jorge Cadete. O avançado chegou ao plantel principal dos leões em 1987/1988, sendo na temporada seguinte emprestado ao Vitória de Setúbal. Viria a impor-se definitivamente em Alvalade na época 1989/1990, mas só iria usar a braçadeira de capitão em 1992/1993. E apenas por dois anos, pois incompatibilidades com o treinador (um tal de Prof. Carlos Queiroz) levaram-no a emigrar para Itália (Brescia), Escócia (Celtic) e Espanha (Celta de Vigo) antes de regressar a Portugal para representar o Benfica (já nesta altura os capitães do Sporting gostavam de jogar nas equipas rivais…).
A Cadete sucedeu Oceano. Depois de 3 temporadas a representar a Real Sociedad, Oceano regressou ao Sporting, onde já tinha estado durante 7 anos antes de sair para Espanha. E regressou como capitão!!! Foram mais 4 épocas de leão ao peito e sempre com a responsabilidade de usar a braçadeira. À semelhança de Manuel Fernandes e Venâncio, Oceano também achou que, quando o treinador Mirko Jozic deixou de contar com ele, ainda tinha muito para dar ao futebol e então o que fez? Foi para França, para o Toulouse, fazer mais uma temporada fraquinha, num clube fraquinho…..
Iordanov foi o senhor que se seguiu. Durante 2 épocas foi ele o capitão do Sporting mas, umas vezes por lesão e bastantes mais por opção técnica, não foram muitos os jogos em que foi titular, o que obrigou a que fossem outros a usar a braçadeira. Primeiro Marco Aurélio e depois Pedro Barbosa e Beto foram os responsáveis por essa tarefa. Mas Iordanov será para sempre lembrado como o capitão do ano em que o Sporting festejou o título passados os 18 anos de jejum e como o capitão que colocou o cachecol leonino ao Marquês de Pombal…
De 2000/2001 a 2004/2005, foi Pedro Barbosa o capitão, coadjuvado por Beto. Barbosa já estava há cinco temporadas em Alvalade, vindo do Vitória de Guimarães, quando foi nomeado e Beto estava há quatro no plantel principal depois de ter percorrido todos os escalões de formação e de ter estado emprestado durante dois anos (ao União de Lamas e ao Campomaiorense). O médio sempre foi um jogador com o qual os adeptos mantiveram uma relação de amor-ódio. Era capaz de coisas espantosas mas ao mesmo tempo de coisas que irritavam solenemente o comum dos mortais. Mas foi, depois de Manuel Fernandes, quem durante mais temporadas envergou a braçadeira. E foi também dos poucos que resolveu terminar de vez com a sua carreira, quando um treinador do Sporting deixou de contar com ele. Foi José Peseiro no fim da época de 2004/2005 a “dispensar” Pedro Barbosa e este, em vez de procurar novo clube, arrumou definitivamente as chuteiras…
Com a época 2005/2006 começam as grandes dúvidas de quem seria o verdadeiro capitão do Sporting. No início dessa temporada, ainda com Peseiro como treinador, Beto foi o eleito, mas com a chegada de Paulo Bento, Beto deixou de ser titular e quis sair. Saiu para o Bordéus e foi Custódio o escolhido. Custódio tinha chegado para os juvenis do Sporting, vindo do Vitória de Guimarães, e estava na sua 3ª época no plantel principal. A sua juventude aliada à sua discrição não o ajudaram a ser um “grande” capitão. Até porque na temporada seguinte começou a jogar menos e quis o mesmo que Beto, ou seja, sair! E saiu! Para o Dínamo de Moscovo. Passou a ser o guarda-redes Ricardo a orgulhar-se de poder dizer que era o capitão do Sporting.
E começa a temporada de 2007/2008 com Ricardo como capitão. E quando se pensava que afinal iria haver alguma estabilidade no posto, depois do guarda-redes ter efectuado a sua melhor época com a camisola leonina e de ter ganho o respeito da maioria dos sportinguistas, eis quando acontece a transferência de Ricardo para o Bétis de Sevilha. Mais uma vez teve que se passar ao plano B, que neste caso se chamava João Moutinho. O médio tinha 20 anos quando começou a usar a braçadeira, tinha um ano de plantel sénior e alguém achou que era a melhor solução…
Três anos se passaram, e já depois de ter manifestado vontade de sair logo no início da sua segunda época como capitão, até que o “símbolo” da formação da Academia de Alcochete é transferido para o FC Porto por 11 milhões de euros (mais uns trocos relacionados com Nuno André Coelho e Hélder Postiga). Os símbolos já não são o que eram…
Seguiu-se-lhe Daniel Carriço, outro jovem, outro “símbolo” vindo da formação e vamos ver se não será outro a querer sair muito em breve…
Eu sei que os tempos são outros, os jogadores não estão tanto tempo nos clubes, mas não existirá uma forma mais correcta de escolher um capitão? Nos últimos 6 anos todos os capitães do Sporting (a excepção é Carriço, mas ainda vai a tempo…) quiseram sair do clube. Será coincidência? Não me parece…
Quem foi para vós o capitão que mais gostaram?
Partilhem aqui as vossas recordações e opiniões sobre estes Capitães de Alvalade…
Saudações Desportivas

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