quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Fernando Chalana, o pequeno genial...


A 17 de Novembro de 1976, no antigo Estádio da Luz em Lisboa, estreava-se com a camisola da Selecção Portuguesa, aquele que, após Eusébio e antes de Rui Costa ,é considerado, por grande parte dos benfiquistas, o melhor jogador português que vestiu a camisola do Benfica.


Faz hoje 35 anos que Portugal defrontou. e venceu por 1-0, a Dinamarca e o responsável pela Selecção Nacional, na altura José Maria Pedroto, resolveu chamar um miúdo de 17 anos que aparecia no onze principal do clube da Luz.


Falo-vos de Fernando Chalana.


A grande recordação que tenho de Chalana está ligada à primeira fase final de um Europeu em que Portugal esteve presente. Foi no ano de 1984 e o pequeno extremo-esquerdo benfiquista foi a grande figura da Selecção Nacional, ajudando, com o seu talento, a equipa a chegar às meias-finais, onde foi batida pela França, num jogo épico que ainda hoje está na memória de muitos portugueses.

Mas Chalana já brilhava nos relvados nacionais há algum tempo...

Nascido no Barreiro, em 1959, começou para o futebol no clube da sua terra, o Barreirense, mas cedo deu nas vistas e o salto para o Benfica deu-se com apenas com 15 anos.
Com 17 (ainda júnior), na época 1975/1976 e pela mão de Mário Wilson, estreou-se na, então, 1ª Divisão. Numa equipa que tinha nomes históricos como Bento, Artur, Toni e Nené, sagrou-se Campeão Nacional e conseguiu um feito que foi acumular na mesma temporada o título de Campeão de Seniores e de Juniores (se não é único pelos menos é muito raro).

Durante mais oito temporadas foi o grande ídolo dos benfiquistas, com as suas arrancadas pela esquerda, conquistando, além daquele primeiro título, outros 4 de Campeão e 2 Taças de Portugal.
Em 1982/1983 ajudou o clube encarnado a chegar à Final da Taça UEFA, frente aos belgas do Anderlecht, mas não conseguiu conquistá-la.

Na temporada seguinte chegou, então, juntamente com mais um troféu de Campeão Nacional, o tal Europeu em França.

Essa fase final correu muito bem a Portugal (embora nos deixasse com a sensação de que podia ter sido melhor...) e Chalana foi a grande estrela da equipa das quinas. Logo apareceram imensos clubes a querer levá-lo da Luz e acabaram por ser os franceses do Bordéus a consegui-lo, naquilo que ainda hoje é considerado o negócio que serviu para o Benfica concluir a obra do 3º anel, no antigo estádio.
Só que, apesar de ter sido campeão francês no ano de estreia, os seus três anos em terras gaulesas resumiram-se, devido a imensas lesões (algumas delas bastante estranhas o que, na altura, até levou a que se falasse em “bruxaria”), a 12 jogos e 1 golo apontado!!! Muito pouco para uma estrela....
E todas essas lesões levaram a que não estivesse presente no Mundial do México, em 1986.

Chalana regressou em 1987 ao “seu” Benfica e por lá estaria outros 3 anos. Mas o “pequeno genial”, como ficou conhecido, já não voltou. Durante essas 3 temporadas fez pouco mais do que 30 jogos e com um rendimento muito abaixo daquilo a que os adeptos estavam habituados. Juntou mais um Campeonato Nacional ao currículo e 2 ausências em finais da Taça dos Campeões Europeus nas quais o Benfica esteve presente mas Chalana não...

Saiu para o Belenenses, onde jogou (pouco) durante uma época e terminou a sua carreira de futebolista, em 1992, na Amadora, ao serviço do Estrela, a jogar ainda menos...

Mas ficará para sempre na história como um dos grandes jogadores do futebol português!!!

Deixo-vos com um vídeo em que Chalana marca o único golo do Benfica frente ao Sporting, num jogo em que os encarnados festejavam o título de 1982/1983 e se pode ver (e ouvir) o capitão do Sporting (Manuel Fernandes) a felicitar o capitão benfiquista (Humberto Coelho) pelo campeonato conquistado...


Eram outros tempos...

Que memórias guardam do "Pequeno Genial"???

Saudações Desportivas

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Rui Jordão, o leão de Benguela...


32 anos depois, o Sporting volta a estar presente em Angola para um jogo da sua equipa de futebol profissional. De forma a assinalar esse acontecimento, resolvo trazer a este espaço o nome de um dos mais emblemáticos jogadores angolanos que vestiram a camisola verde e branca.

Falo de Rui Manuel Trindade Jordão.

Jordão foi um dos melhores avançados que o futebol português teve nas décadas de 70 e 80. Mas já lá vamos às suas características como jogador....

Comecemos, então, pela sua história...

Embora o seu nome seja associado, na maioria das vezes, ao Sporting, foi no rival do outro lado da 2ª circular, o Benfica, que Jordão iniciou a sua carreira em Portugal.
Depois de ter dado nas vistas no clube da sua terra natal, o Sporting de Benguela, Jordão chegou à Luz, em 1970, para jogar nos juniores durante uma temporada.
Estreou-se na equipa principal na época seguinte, com Jimmy Hagan aos comandos dos encarnados, num plantel do qual ainda faziam parte alguns históricos, como José Henrique, Jaime Graça, António Simões e....Eusébio!!!
Durante 5 temporadas vestiu de águia ao peito e venceu 4 títulos de Campeão Nacional e 1 Taça de Portugal. Foi, também, o melhor marcador do Campeonato Nacional em 1975/1976, o último ano em que jogou no Benfica.

Nessa altura, vários clubes europeus se interessaram por Jordão. Falava-se no Bayern de Munique, no Paris Saint-Germain, no Estrasburgo, mas seria o Saragoça (agora de Micael, Postiga e Roberto...) a pagar cerca de 9 mil contos (algo como 45 mil euros) ao Benfica para o contratar. Uma só temporada foi o tempo de estadia de Jordão em Espanha. Ainda fez 14 golos mas, segundo consta, problemas de balneário com outra das “estrelas” da equipa (um paraguaio de nome Arrua), levaram-no a querer sair.

E saiu! A 28 de Agosto de 1977, viajou de Saragoça para Lisboa, para se estrear, nessa noite, com a camisola do seu clube do coração, o Sporting. O adversário era o Vasco da Gama e os leões venceram os brasileiros por 2-1 com dois golos de.....Rui Jordão!!!

Em Alvalade, onde formou uma dupla histórica com Manuel Fernandes, usou o número 11 na camisola até 1985/1986. Durante esse período venceu 2 Campeonatos Nacionais, 2 Taças de Portugal e 1 Supertaça. E voltou a ser o melhor marcador do Campeonato em 1979/1980.

Com 34 anos foi dispensado do Sporting por Manuel José e, depois de quase um ano sem jogar, reapareceu em Setúbal, numa equipa cheia de veteranos como Meszaros, Eurico, Vítor Madeira e, o seu parceiro de muitos anos, Manuel Fernandes. Duas épocas à beira Sado chegaram para, mesmo no fim da sua carreira, voltar a ser convocado para a Selecção Nacional.

Ao serviço de Portugal, ainda hoje é o jogador com maior tempo passado entre a primeira e a última vez que foi chamado a defender a equipa das quinas. Estreou-se em Março de 1972 e vestiu pela última vez a camisola portuguesa, que agora muitos não querem, em Janeiro de 1989, já com 36 primaveras...

Está ligado a dois momentos que, ao nível da Selecção, ficaram na história do futebol português. Foi ele o marcador da grande penalidade que deu a vitória de Portugal sobre a URSS, no Estádio da Luz, e que permitiu a presença no Europeu de 1984, em França. E já no Europeu, foi ele o autor dos 2 golos contra a Selecção Francesa, na meia-final de má memória, em que Portugal perdeu por 3-2, já no prolongamento.


Jordão foi um avançado de excelência. Nos dias de hoje seria valiosíssimo. Era rápido, imprevisível e frio na hora de finalizar. E era um batalhador....

Na sua longa carreira fracturou por 3 (!!!) vezes a perna!!! A primeira vez foi em 1974, ainda ao serviço do Benfica, num jogo com o FC Porto. Em 1978, na sua primeira temporada em Alvalade, desta vez num jogo contra o Benfica, novo infortúnio. E exactamente no jogo em que regressava, ainda em 1978, o conhecido sportinguista José Eduardo, ao serviço do Famalicão, teve uma entrada dura que levou a nova fractura. A tudo isto Jordão reagiu e, curiosamente, sagrou-se sempre o melhor marcador do Campeonato Nacional nos anos seguintes às lesões!!!

Deixo-vos um vídeo para que possam recordar ou conhecer este avançado, que nos dias que correm se afastou do futebol, tendo ,depois de terminada a sua carreira, dedicado o seu tempo a outro tipo de arte, a pintura.



Saudações Desportivas